As embalagens clean label estão transformando a linguagem usada nos rótulos, trazendo o conceito de ‘menos é mais’ para o mercado. Essa mudança não se limita apenas a uma questão estética, mas também reflete um desejo de simplificar e esclarecer as informações apresentadas nas embalagens. O objetivo de limpar o rótulo está diretamente ligado à demanda dos consumidores por querer consumir alimentos mais naturais. E para saber quais ingredientes estão comprando é necessário que estejam bem descritos no rótulo e embalagem.
Para que o mercado compreenda e se adapte a essa nova forma de produzir embalagens, é fundamental entender a crescente demanda por esse tipo de embalagem. Continue a leitura para saber mais sobre o assunto."
Não é de hoje que os consumidores buscam por produtos mais saudáveis, segundo dados do estudo “Panorama do Consumo de Alimentos Saudáveis no Brasil, de 2023”, aproximadamente 46% dos brasileiros consomem alimentos saudáveis. Essa porcentagem reflete a demanda dos clientes que preferem marcas que valorizam ingredientes naturais tanto na produção quanto na apresentação de suas embalagens. Em contraste, empresas que ainda utilizam rótulos e embalagens com nomes complexos têm mais chances de ser deixadas de lado.
É sobre isso que se trata o conceito de rótulo da embalagem clean label, as embalagens do de produtos alimentícios devem conter nomes de ingredientes que são fáceis de entender.
Pensando como consumidor, ele precisa ser capaz de identificar os itens usados na formulação do produto vendido, aliás essa demanda vem sendo aderida por outros mercados, então se trata de um conceito disseminado em várias outras áreas. Essa demanda impacta diretamente a cadeia produtiva dos alimentos, pois, para que um ingrediente tenha seu nome reconhecido, ele precisa ser realmente ‘comida de verdade’.
As embalagens consideradas clean label apresentam alimentos livres de substâncias artificiais, como:
A ausência desses elementos na fórmula dos alimentos não garante que os produtos sejam 100% orgânicos. Essa é uma confusão comum entre os consumidores, mas não é uma verdade absoluta. O motivo é que, na fabricação de alimentos, nem todos os ingredientes são totalmente naturais. Ter uma embalagem com um rótulo limpo não significa que é proibido usar certos ingredientes, como transgênicos, que podem estar presentes em diversos alimentos. No entanto, esses ingredientes devem ser informados ao consumidor de forma clara.
A intenção de embalagens com rótulos de embalagens clean label é fazer com que esse tipo de elemento seja de fácil compreensão para quem lê a embalagem. Isso faz com que empresas que pretendem se encaixar na categoria de rótulo limpo precisam mudar a forma com que fazem seus produtos, excluindo alguns ingredientes artificiais.
Devido à demanda dos consumidores, a forma como as informações são apresentadas nas embalagens precisa ser revolucionada. Os componentes devem ser representados de maneira clara e fácil de identificar para que os consumidores possam compreender facilmente o que estão comprando.
Para que o rótulo de uma embalagem seja considerado clean label, os alimentos devem ser apresentados da forma mais natural possível, sem termos complexos. A ideia é que a pessoa que lê as informações na embalagem possa identificar com precisão os ingredientes. Sendo assim, identificar uma embalagem clean label não é algo complicado, basta testar e prestar atenção nos componentes de uma embalagem e conseguir reconhecer quais são os elementos presentes.
Apesar de algumas empresas buscarem adequar os rótulos de embalagens às normas clean label, não existe um conjunto de regras estruturadas nacionalmente que serve para balizar a separação do que é ou não embalagem com rótulo limpo.
Apesar de não haver regras ou instituições e agências que fazem regulamentação e distribuem selos para as empresas que querem se encaixar na classificação de rótulo limpo, existem algumas demandas que rótulos de embalagens podem cumprir para ficar mais perto dessa categoria de produto. Para que o rótulo seja considerado clean label, é necessário rastrear e controlar toda a cadeia produtiva. Isso exige que os negócios criem mecanismos para monitorar a cadeia de ponta a ponta e garantir a origem natural da matéria-prima.
De modo geral a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) é responsável por regular e fiscalizar os rótulos, pede que a lista de alimentos seja impressa de forma completa. Isso envolve incluir não apenas todas as substâncias usadas na fabricação, mas também os insumos adicionados intencionalmente com finalidade tecnológica e sem valor nutricional, como aditivos. Esses ingredientes devem ser claramente nomeados na embalagem.
Em todo o mundo, os Estados Unidos são o único país que possui um projeto formal sobre o assunto, conhecido como Clean Label Project Certified, que consiste na aquisição de produtos no varejo para realizar testes de pureza. Em seguida, os resultados são comparados com as substâncias químicas de alto risco listadas na Proposition 65, da State of California Environmental Health Hazard Assessment Office.
Caso o produto esteja conforme as especificações do órgão americano pode ser considerado para ser certificado no Clean Label Project.
Como regra geral, um produto pode ser considerado com rótulo e embalagem limpa seguindo 3 critérios:
Embora não existam logos específicos que possam ser impressos nas embalagens para provar que um produto é clean label, há alguns símbolos e certificações conhecidas, chamados claims, que podem fornecer informações adicionais aos consumidores.
Esse tipo de desenho nas embalagens servem para indicar algum benefício ou aviso aos consumidores que possuem limitações quanto ao consumo de leite ou glúten. Essas regras de segurança são encontradas em produtos zero lactose, zero açúcar, produto diet, entre outros. Essas expressões no rótulo da embalagem não podem ser usadas de qualquer forma, a regulação fica a cargo da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) e também do Código de Defesa do Consumidor.
O uso desses avisos deve ser feito de forma responsável pelas empresas, seguindo os Princípios Gerais de Rotulagem de Alimentos, RDC nº 259/2002. A regra diz que o rótulo da embalagem não pode induzir o consumidor ao engano, erro ou equívoco sobre a procedência, natureza, composição ou qualidade do produto. O que também não deve ser feito é atribuir qualidades que o produto não têm, como associar a capacidades medicinais, curativas, terapêuticas ou incentivar o consumo baseado em um efeito imediato. Essa regra, basicamente, proíbe as empresas de criar embalagens que façam promessas falsas sobre as características do produto, baseadas em informações que não podem ser comprovadas de forma factual para o consumidor.
O uso de claims tem sido amplamente adotado em alguns produtos para indicar se a embalagem é reciclável ou para destacar valores nutricionais específicos que atendem a dietas restritivas. O motivo é o crescimento da atenção do consumidor por produtos feitos com embalagem reciclável e que tenham maior saudabilidade.
Por causa disso a presença desse tipo de emblema nas embalagens tem se tornado muito importante para as pessoas no momento de compra. Importante esclarecer que todos os clains impressos na embalagem devem constar a tabela nutricional do alimento.
Para que as marcas saibam quais claims podem ser colocados em suas embalagens sem sofrer penalidades basta checar as referências do já citado Código de Defesa do Consumidor.
Alguns termos usados em claims podem ter significados variados. Conheça os principais deles:
Os termos “contém glúten” e “não contém glúten” são obrigatórios, por isso não são considerados selos informativos, como alguns fabricantes de embalagem podem pensar.
O motivo é que esses dois termos são considerados alertas sobre a presença de uma substância, conforme estabelecido pela Lei 10.604/2003.
A regulamentação de lactose tem duas referências diferentes na legislação da ANVISA, a RDC nº 135/2017 e a RDC nº 136/2017.
Para esclarecer, a primeira se refere a alegações que devem estar presentes nos alimentos de pessoas com restrição a lactose, essa regulada pela Portaria SVS/MS nº 29/1998.
Enquanto a segunda determina a obrigatoriedade da declaração da presença de lactose nos alimentos embalados na ausência dos consumidores, incluindo aqueles destinados apenas ao processamento industrial e serviços de alimentação.
O termo diet nas embalagens de diversos produtos pode ser usado de forma opcional em linha de alimentos comercializados para fins específicos, seguindo a regulamentação da Portaria SVS/MS nº 29/1998.
Esses dois termos podem ser usados, mas são considerados como Informação Nutricional Complementar (INC), regulamentados pela RDC nº 54/2012 da ANVISA.
O uso dessas e outras expressões como “baixo em gorduras totais”, “baixo em sódio”, “fonte de fibras”, “rico em proteínas”, entre outros, precisam estar sujeitos aos critérios na tabela nutricional. Relacionar o produto com um desses claims não deve induzir o consumidor a comprar em excesso, fazendo-o acreditar que se trata de um produto nutricionalmente completo.
Esses são alguns exemplos de selos que podem ser utilizados em embalagens que além de serem cleans labels ajudam a informar o consumidor sobre as propriedades do que está sendo comprado.
Existem diversas outras regras que podem ser conhecidas acessando o documento Perguntas e Respostas Rotulagem de Lactose da ANVISA para futuros esclarecimentos sobre rótulo para embalagem de forma correta e uso adequado.
Dizer que o uso de rótulos de embalagens clean label deve ser impulsionado pela demanda dos consumidores pode ajudar a convencer algumas marcas, ao projetarem seus produtos, a adotarem essa prática. Levando o conceito de clean label de forma prática para a vida do consumidor, de acordo com uma pesquisa realizada pelo IBOPE, apenas 23% dos consumidores brasileiros conseguem entender completamente as informações contidas nos rótulos dos alimentos industrializados.
A baixa porcentagem de consumidores que conseguem entender os ingredientes listados nas embalagens torna essencial o uso de rótulos que apresentem essas informações de maneira clara. Apesar do baixo entendimento dos termos das embalagens pelos consumidores, a pesquisa da Tate & Lyle informa que 94% dos compradores globais leêm os rótulos dos produtos, e preferem bebidas sem ingredientes artificiais. Enquanto, o relatório global FMCG Gurus indica que apenas 41% estão familiarizados com as terminologias no contexto de alimentos e bebidas, a adoção do rótulo da embalagem limpa pode fazer com que esse número aumente.
Usar embalagens clean label é mais do que apenas criar um gatilho de consumo para atrair a atenção de mais pessoas para o seu produto, mas uma questão de segurança alimentar e interesse público. Facilitar o entendimento das pessoas sobre os ingredientes usados nas embalagens ajuda a fazer com que confiem mais na sua marca e façam escolhas alimentares melhores.
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